Segundo um estudo realizado pela Universidade de Oregon nos Estados Unidos, consumidores solitários são mais propensos a comprar marcas que possuem rostos em seus rótulos. A pesquisa mostrou que em geral todos os consumidores tendem a comprar produtos que apresentam imagens desse tipo na embalagem, porém os solitários consomem ainda mais.
Descoberta publicada no European Journal of Social Psychology mostra que isso acontece devido ao desejo de formar e manter relacionamentos. De acordo com a publicação, quando um ser humano não tem nenhuma conexão social, ele tenta preencher o vazio de outras maneiras, inclusive por meio de hábitos de compra.
O estudo afirma também que os rostos estampados nos rótulos não precisam ser fiéis à realidade para que um indivíduo se interesse por ele. Os consumidores costumam imaginar características humanas em imagens não humanas, processo conhecido como antropomorfismo. O professor Ulrich R. Orth, da Universidade de Kiel na Alemanha, um dos colaboradores da pesquisa, explica que a solidão leva as pessoas a exibir esse tipo de “visão ilusória” e é ainda mais evidente no caso dos rostos.
“A falta de relações interpessoais motiva as pessoas a buscar ativamente fontes de conexão”, disse Bettina Cornwell, professora de marketing da Universidade de Oregon. “Os indivíduos que são solitários são mais propensos a encontrar rostos em imagens porque desejam muito essa conexão social”.
Para realizar algumas propagandas simuladas e descobrir melhor como funciona esse comportamento humano de ver rostos em desenhos que nem sempre possuem esta imagem, a professora Bettina colocou em prática suas habilidades artísticas e criou 18 desenhos. Entre eles estavam imagens não-faciais e outras mais parecidas com o rosto humano. Marcas e slogans fictícios também foram desenvolvidos. Os participantes da pesquisa responderam perguntas sobre pessoais sobre seus hábitos, as marcas criadas e as imagens que estavam em seus rótulos.
A análise apontou que todos consumidores, ao se depararam com feições humanas nas embalagens, tiveram mais afinidade pelas marcas. E houve também uma clara ligação entre as pessoas que contaram ser mais solitárias e a tendência de ver um rosto em um desenho não-facial.
Para aprofundar mais as descobertas em relação ao tema, os pesquisadores escolheram garrafas de vinho para a nova pesquisa. Ao todo foram 45 rótulos diferentes, classificados em uma escala de 1 a 7 com base na facilidade de identificar um rosto nas imagens das embalagens. Os resultados foram similares aos do estudo anterior: os consumidores favoreceram as marcas que usavam rostos nos rótulos.
Os estudiosos que comandaram as pesquisam esperam que as descobertas possam ser usadas para ir muito além do que apenas aumentos nas vendas de produtos. Bettina acredita que existem importantes implicações de políticas públicas sobre a vulnerabilidade do consumidor e lições valiosas para ONGs que estão ajudando pessoas a lidarem com tais problemas.
“Organizações sem fins lucrativos podem extrair informações importantes do estudo que os ajudarão a atender melhor suas comunidades”, disse Bettina. “Se eles escolherem um rosto ao invés de outra imagem, eles serão mais propensos a se conectar com indivíduos e compartilhar sua missão com os outros”.
Fonte: Portal revista Época Negócios