Dona de marcas tradicionais de colas como Pritt e Super Bonder e maior fornecedora mundial de adesivos para uso em diferentes indústrias, a alemã Henkel planeja manter o crescimento acelerado em mercados emergentes, que já representam mais de 40% de suas receitas. E a América Latina será o motor de expansão orgânica das vendas globais nos próximos anos, segundo o presidente da companhia no Brasil, Manuel Macedo. O país é a segunda maior operação na região, atrás do México.
“Vamos crescer organicamente, mas também vamos olhar aquisições, que podem ser globais ou locais”, afirma Macedo. A aposta em crescimento inorgânico, prevista no planejamento estratégico da multinacional até 2020, já foi lançada. Na quinta-feira, a Henkel fez uma oferta de US$ 1 bilhão pela americana Darex Packaging Technologies, fabricante de vedações e revestimento de alto desempenho para embalagens de metal, que pertence à GCP Applied Technologies e está presente em 19 países.
No Brasil, a Darex tem operação em Sorocaba (SP) e 23% da receita anual global, de aproximadamente US$ 300 milhões, é gerada na América Latina. Neste momento, Henkel e GCP estão em negociações exclusivas, que poderão levar à assinatura de um termo definitivo de compra e venda.
“Estamos atentos a oportunidades [de aquisição] nas três áreas de negócio”, conta Macedo. O principal negócio da Henkel é o de tecnologias em adesivos – é líder global, com faturamento de € 9 bilhões no ano passado, em um mercado estimado em € 60 bilhões -, mas sua presença também é relevante nos segmentos de cuidados com a beleza (é dona da marca Schwarzkopf) e de detergentes e produtos de limpeza.
Especificamente no Brasil, a atividade da multinacional está concentrada na área de adesivos. São cinco diferentes segmentos: consumo (cola branca e de bastão, por exemplo), eletrônicos (como soluções adesivas para celulares), indústria automotiva e aeronáutica, embalagens flexíveis e não flexíveis e reparação automotiva.
Um automóvel, exemplifica Macedo, leva cerca de 25 quilos de adesivos. E apesar da crise enfrentada pelo país, que deixou marcas notáveis na indústria automotiva, a Henkel manteve-se em crescimento no Brasil, garante o executivo. Reflexo disso foi a expansão em 5% do quadro local de funcionários, para 950. “O pior [da crise] já ficou para trás”, diz. “Não dá para saber quando o país voltará a ter taxas expressivas de crescimento, mas há melhora”.
Inovação, portfólio diversificado em cinco diferentes segmentos e a oferta de produtos de maior valor agregado explicam o desempenho positivo, conforme o executivo. No ano passado, 200 novos produtos foram apresentados pela multinacional. Em 2017, a previsão é lançar pelo menos 170 produtos. Para os próximos quatro anos, a meta global da Henkel é alcançar crescimento orgânico anual de 2% a 4% em média, com taxas mais altas nos emergentes.
Em 2016, a multinacional registrou vendas históricas de € 18,7 bilhões, alta de 3,5%. Na América Latina, o crescimento orgânico foi de 13,8%, com vendas de aproximadamente € 1,1 bilhão, enquanto no conjunto dos mercados emergentes, a alta foi de 6,8%.
Nos últimos dois anos, a Henkel investiu cerca de R$ 10 milhões que resultaram em ampliação da capacidade instalada no Brasil – são três fábricas, em Diadema (SP), Itapevi (SP) e Jundiaí (SP) – e aportes em melhoria das linhas de produção são permanentes. Dessa forma, explica Macedo, a empresa está apta a atender ao potencial crescimento das vendas em volume nos próximos dois anos.
Fonte: Valor Econômico