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Instituto de embalagens mapeia desafios e oportunidades para avançar no desenvolvimento de soluções de menor impacto ambiental

Os povos indígenas cultivam uma relação de harmonia com a natureza porque a consideram sagrada e tem um sentimento de pertencimento. Eles são considerados guardiões da floresta, pois ajudam a manter a sua preservação e defendem o meio ambiente. No dia 19 de abril, celebramos o Dia dos Povos Indígenas, e também foi a data escolhida para mais uma edição do Workshop Embalagem & Sustentabilidade realizado pelo Instituto de Embalagens que recebeu 177 inscritos.

A data tem uma sinergia com o propósito do evento: compartilhar conhecimento para o desenvolvimento de embalagens melhores para um mundo melhor. Os principais líderes de sustentabilidade estiveram reunidos em um dia de muito conteúdo exclusivo que terminou com uma oficina prática e excelentes soluções de embalagens de menor impacto ambiental.

Abrindo a programação, Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens, falou sobre tendências. “Os consumidores estão cada vez mais preocupados com os efeitos das mudanças climáticas, por isso eles estão fazendo escolhas mais conscientes nas gôndolas. Para atender essa demanda, é preciso investir em educação ambiental, ACV (Análise de Ciclo de Vida), ecodesign e economia circular”.

Na sequência, Simone Ruiz, consultora sênior de projetos do Instituto de Embalagens, falou sobre a importância da ferramenta ACV para identificar pontos críticos no ciclo de vida do produto e promover melhorias no processo produtivo.

Encerrando o primeiro bloco de palestras, Fábio Xavier, coordenador de assistência técnica da Indorama Ventures, falou sobre ferramentas para construir um novo design de embalagem. Segundo ele, há quatro pilares para aumentar a reciclabilidade do PET: Design e Resina Base; Escolha dos demais componentes da embalagem que auxiliam na reciclagem; Verificar se há mercados de uso final do material a ser coletado; e se o material é amplamente coletado.

Segundo bloco de palestras – A importância da simbologia ambiental nas embalagens para orientar, comunicar e conscientizar os consumidores foi o tema da palestra de Edenilson Santos, analista de marketing e comunicação do Instituto de Embalagens. “No Brasil, a simbologia ambiental ainda é pouco utilizada da forma correta”, afirma. Ele citou o exemplo de greenwashing, apresentando uma embalagem de feijão que traz a identificação do material como PEBD, mas ao mesmo tempo, destaca que é biodegradável.

Dando continuidade, Felipe Madruga, gerente técnico comercial da Evertis, falou sobre o PET e suas contribuições para o ecodesign. “Uma delas é a redução de espessura da embalagem, mantendo a rigidez”, informa. Ele citou um case de um cliente da companhia que teve a espessura da embalagem reduzida de 500 micra para 350 micra, mantendo a mesma resistência mecânica e dimensões, ou seja, uma redução de 30% de uso de PET”, destaca.

Fechando o segundo bloco, Cláudio Marcondes, consultor de polímeros e professor do Instituto de Embalagens, abordou os diferentes processos de reciclagem e destacou “o cenário desafiador para a reciclagem do plástico porque é um material mais difícil de identificar os diferentes tipos e dependendo do tipo de reciclagem eles não podem ser misturados”. Entre as novas tecnologias de reciclagem, ele apresentou “o processo de reciclagem PureCycle desenvolvido pela Procter & Gamble que remove cor, odor e contaminantes da matéria-prima de resíduos plásticos e transforma em PP reciclado ultrapuro”.

Terceiro bloco de palestras – Lidar com resíduos todos os dias é um problema global. As dificuldades são conhecidas pela cultura deficiente de reciclagem e modelos de negócios ultrapassados. “As soluções apresentadas até hoje não resolveram as necessidades básicas do setor”, afirma Roger Koeppl, diretor presidente da YouGreen Cooperativa. A cooperativa adotou um modelo de gestão que estabelece contratos com escolas, supermercados, prédios corporativos para fazer uma gestão integrada de todos os resíduos gerados. Segundo ele, a ideia é que o nosso modelo seja compartilhado para promover a emancipação das cooperativas de reciclagem, aumentar o volume de resíduos e a renda dos catadores. “O catador da YouGreen tem um piso de R$ 1780,00 enquanto de uma cooperativa padrão o ganho gira em torno de R$ 930,00. O meu sonho é que o ganho chegue a R$ 2500,00”.

A circularidade do plástico foi o tema da palestra de Eduardo Berkovitz, diretor de relações institucionais e compliance da Valgroup. “Em 2022, a companhia reciclou aproximadamente 75 mil toneladas de PET, o equivalente a 3.5 bilhões de garrafas pós-consumo. Reciclamos 30 mil toneladas de aparas de polietileno (PE) e 94% das embalagens do nosso portfólio são recicladas”.

Simone Ruiz abordou a importância do ecodesign para reduzir o impacto ambiental das embalagens. “Um dos princípios do ecodesign é reduzir. Há vários caminhos, como por exemplo, o uso de refil”. Um exemplo é o da Natura Tododia que optou pelo stand-up pouch que utiliza 85% menos plástico.

Encerrando a jornada de conhecimento, Assunta Napolitano Camilo, abordou a inovação para sustentabilidade e a economia circular para o futuro do planeta. “O plástico, entre todos os materiais, é o que tem um desafio maior a ser superado, mas ao mesmo tempo, eu acredito que o setor tem feito grandes avanços para a sua circularidade”. Na última K, maior feira internacional do plástico, foi apresentado o RCycle permite rastrear todos os dados de processo, quantidade de PCR utilizado, se é food grade, entre outras informações.

“Para atingir a economia circular é preciso investir na educação dos consumidores, na coleta de resíduos e na separação eficiente”, afirma Assunta. Segundo ela, a Europa já utiliza amplamente embalagens com conteúdo pós-consumo e as marcas comunicam de forma transparente o seu uso para promover o consumo consciente nas gôndolas. Um exemplo é a marca própria Alverde, da rede de drogarias alemãs DM, que tem embalagem de xampu com 100% de PP reciclado e “nem por isso deixa de ser bonita”.

Desafio prático – Divididos em 13 grupos, os participantes receberam embalagens para aplicar o conhecimento e propor soluções de menor impacto ambiental. Os profissionais tiveram 20 minutos para discutir, trocar ideias e experiências e depois apresentar as propostas. “Foi um momento muito rico de conteúdo e uma iniciativa importante para promover e compartilhar conhecimento de diferentes áreas e expertises dos profissionais envolvidos no tema sustentabilidade”, afirma Assunta. Ela continua: “É uma ação interativa que foi um sucesso, com excelentes resultados, e que pretendemos repetir o modelo”.

O evento contou com o patrocínio da Evertis, FuturePack, Indorama e Valgroup e apoio da Abeaço, Abicab, Abimaq, Abralatas, CNI, EFI, Empapel e Organis.

 

Sobre o Instituto de Embalagens 

Fundado em 2005, o Instituto de Embalagens tem o objetivo de levar conhecimento para o setor de embalagens, visando o seu avanço e crescimento. O trabalho consiste na coordenação e realização de cursos, encontros, treinamentos e publicações técnicas.

Desde a criação do Kit de Referências de Embalagens, primeiro material didático do Instituto de Embalagens, a entidade já publicou 23 livros e realizou 101 cursos e 137 eventos, com a participação de mais de 16 mil profissionais.

A crença do Instituto de Embalagens é que embalagens melhores promovem mundo melhor.