Com as condições econômicas atuais do Brasil, as empresas estão operando em um ambiente complexo e desafiador, requerendo soluções rápidas e efetivas. Mas, mesmo deixando de lado as questões econômicas, a mistura de desenvolvimentos tecnológicos, instabilidade dos mercados, rápida mudança na sociedade e o crescente foco em sustentabilidade está contribuindo para uma maior pressão comercial.
Como resultado, o embalamento secundário (também conhecido como co-packing), ou seja, a criação de kits promocionais de um ou mais produtos, com ou sem brindes, tem se tornado cada vez mais importante, especialmente no Brasil, onde o consumidor é atraído por promoções e condições especiais. Porém, para que esse procedimento – comum em várias indústrias – atinja seu verdadeiro potencial, ajudando a responder adequadamente aos desafios mercadológicos atuais, ele deve ser integrado à cadeia logística, permitindo que as empresas capturem seu valor integral.
Tradicionalmente, o co-packing funciona da seguinte forma: as empresas identificam um produto ou linha que se beneficiaria de uma promoção, define as tecnologias a serem utilizadas (como impressoras, scanners 3D e outras ferramentas de prototipagem), juntamente com os modelos e componentes dos kits, repassa todos componentes para um co-packer que, por sua vez, faz a montagem e retorna para o Centro de Distribuição (CD). Por exemplo, uma empresa de consumo que produz pastas e escovas de dente pode criar um kit promocional com ambos os produtos. A empresa escolheria o formato do kit e depois pediria o manuseio a um co-packer, enviando o produto a ele. O kit é então montado e enviado de volta à empresa ou para um operador logístico para distribuição. A primeira vista, esse processo não traz maiores problemas; mas, um olhar mais próximo e principalmente prático, evidencia potenciais gargalos sérios.
O principal é o impacto do modelo, dimensões e peso dos kits no processo logístico. Dependendo destes fatores, o custo logístico pode ser muito elevado, cancelando, assim, os ganhos obtidos na alavancagem comercial. A ausência de comunicações regulares para esclarecer dúvidas durante o projeto ou durante a produção dos mock-ups pode acabar retardando a entrega final. Por fim, a parceria com um co-packing significa a criação de mais uma etapa na cadeia de suprimentos, levando a uma complexidade adicional e a prazos mais longos.
Existe um caminho alternativo, porém, que permite a captura de muitos benefícios. Nesta abordagem, o co-packer participa do projeto desde o início, ou seja, após a definição do kit promocional. A empresa convida o co-packer a participar, passando a ele um briefing dos produtos que precisa promocionar, prazos e demais informações relevantes, método que chamamos de solução E2E (End-to-End). O co-packer então propõe a tecnologia a ser aplicada e um modelo de kit – com base em sua experiência e conhecimento em vários mercados, e não apenas naquela empresa ou setor – que já leva em consideração o impacto na cadeia logística.
Usando esta abordagem, o co-packer pode fazer a montagem dos kits dentro da própria fábrica, em um Centro de Distribuição ou em um Centro Especializado de Packaging Multiclientes, agilizando assim o processo e reduzindo custos ao longo da cadeia de suprimentos, sem sacrificar a qualidade. É importante ressaltar que o kit promocional deve estar em linha com a comunicação visual da marca, uma vez que ele passa a ser a primeira comunicação com o consumidor final. A solução E2E é preferível porque mantém a consistência de todo o processo. Como resultado, as empresas podem reduzir consideravelmente os riscos envolvidos, assim como o tempo de resposta, permitindo um “time to market” mais rápido.
A escolha da tecnologia mais apropriada impacta muito nos custos e eficiência da operação. Em relação ao volume, o super ou subdimensionamento dos componentes que compõem os kits, além de atrapalhar a disposição nas gôndolas, afeta o volume por carregamento, potencialmente encarecendo a operação. A disposição e dimensionamento das caixas também podem impactar diretamente os custos.
A mudança de abordagem descrita acima mostra bem que a inovação não se limita apenas à tecnologia. Ajustes relativamente simples de processos que resultem em grandes impactos e benefícios podem ser tão inovadores quanto – mas as empresas devem estar abertas a mudança, a reavaliação constante de suas operações e a busca dos parceiros certos.
* Lilio S. Rocha Neto é gerente de Operações de Packaging Services da DHL Supply Chain Brasil
Fonte: DFreire Comunicação & Negócios