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Paperização veio para ficar: conheça as oportunidades e desafios para a cadeia de embalagens

O avanço das embalagens celulósicas nas gôndolas é uma tendência que veio para ficar. Disso ninguém tem dúvidas, mas há desafios para potencializar a paperização no Brasil. É o que foi discutido no Webinar A Revanche das Fibras, nesta manhã, na plataforma Zoom. Perdeu o Webinar A Revanche das Fibras? Assista o evento na íntegra:

Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens, destacou que visitou a Interpack pela oitava vez, este ano, e ficou impressionada com tantas propostas inovadoras de embalagens celulósicas para reduzir o impacto ambiental. Entre elas, a solução desenvolvida pela Sollas Antares Vision Nowix, que apresentou uma tecnologia que utiliza papel translúcido, bastante semelhante ao papel vegetal, para substituir o plástico que embala as embalagens secundárias de perfume. Outra novidade foi apresentada pela Rottneros Packaging. “Trata-se de uma bandeja de papel com barreira plástica que pode ser facilmente separada para facilitar a reciclagem”.

Rafael Rosseti, diretor comercial da Gráfica Rosseti, faz uma ressalva sobre a tecnologia para separação de substratos, que segundo ele, ainda tem um investimento alto, mas acredita que dentro de algum tempo, quando tiver escala, seja economicamente viável. “Não estamos tão distantes como no passado, o Brasil é um mercado dinâmico”. Hoje já existem vernizes base água em substituição aos vernizes UV que oferecem barreira para embalagens de alimentos que vão ao forno e ao micro-ondas e facilitam a reciclagem.

Mas a demanda de equipamentos que utilizam vernizes UV ainda é predominante no mercado brasileiro, segundo Kleber Garcia, diretor comercial da Heidelberg. “O cliente que está na ponta também demanda esse produto. Ainda há uma baixa conscientização e barreira econômica no Brasil, que precisa transportar produtos em toda a sua extensão territorial, e o plástico proporciona um custo melhor”.

Bruno Germer, gerente comercial da Gráfica 43, observou grandes avanços no que tange às barreiras para facilitar a reciclagem das embalagens de papelcartão na Interpack. Ele acredita que “no Brasil, os fins comerciais e a sustentabilidade ainda caminham em lados opostos. À medida que o volume crescer, irão se encontrar naturalmente”.

Até 2025, a Beiersdorf tem como compromisso reduzir em 50% o uso de plástico virgem com a adoção de materiais alternativos, como o papel. Erick Stengrat, coordenador de desenvolvimento de embalagens da empresa, diz que encontrou várias soluções de embalagens celulósicas primárias e secundárias na Interpack. Mas, acredita que o setor tem desafios para atender os requisitos dos produtos cosméticos. “A barreira à umidade, gordura e a preservação da fragrância, são questões que preocupam para o uso de embalagens primárias de papel, pois nossos produtos são líquidos. E que isto não tenha impacto na cadeia de reciclagem”.

Já Leandro Vosniak, especialista em desenvolvimento de embalagens do Boticário, visitou a Interpack pela primeira vez com foco em observar soluções celulósicas para substituir os berços plásticos dos estojos presenteáveis de perfumes. “Encontrei polpa moldada, mas no Brasil não existe escalabilidade e tecnologia de acabamento como hot-stamping e verniz”. O Boticário tem equilibrado o uso de berço de micro-ondulado e PET reciclado.

Uso de papelcartão reciclado

A ampliação do uso de papelcartão reciclado nas embalagens tem uma limitação por conta dos contaminantes nas aparas pós-consumo o que inviabiliza o uso do material técnica e economicamente. “A cadeia não está preparada para entregar uma fibra viável. O processo de limpeza é demorado e reduz a produtividade. No entanto, é uma questão de tempo para entregar maior quantidade”, acredita Carlos Jorge, gerente comercial da MD Papéis que produz papelcartão com no máximo 40% de conteúdo reciclado.

O papelcartão com conteúdo reciclado, lembra Stengrat, também reduz a rigidez da embalagem, e por isso é preciso aumentar a gramatura. “Mas, há outros desafios, como por exemplo, no caso de caixas com conteúdo reciclado para sabonetes em barra. Com menor rigidez, como fazer a adaptação para produzir embalagens em linhas de altíssima produtividade? É preciso encontrar esse balanço para que o movimento seja feito”.

Jorge ressalta a importância do uso de papelcartão reciclado para promover a economia circular do material. “Estamos reciclando mais e retirando resíduos do meio ambiente”.

 

Assista o evento na íntegra: https://bit.ly/3qd6cei

 

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