Um dos paraísos turísticos brasileiros, a Península de Maraú, no Sul da Bahia, enfrenta um desafio comum a diversos municípios: a gestão de resíduos. A região possui cerca de 20 mil habitantes, mas, na alta estação, o número de pessoas pode chegar a 300 mil com a presença dos turistas. E os resíduos gerados pela população vão parar no lixão da Península, numa Área de Proteção Ambiental (APA), em um mangue. São 25 mil toneladas de lixo por ano, com tendência crescente.
Preocupada com esse cenário, a documentarista e ambientalista Gabriele Kull, moradora da região, criou o Programa Península Lixo Zero, que contempla educação ambiental, logística reversa e infraestrutura. A iniciativa conta com o patrocínio da embaixada da Suíça e a cooperação de instituições locais, empresas e da sociedade civil. Em cinco anos, o programa pretende “revolucionar” a gestão de resíduos sólidos local. Numa primeira fase, foi instalada a Vila Circular, um centro de compostagem e gestão de resíduos recicláveis que funciona como um modelo de economia circular na Praia de Algodões, na entrada da Península.
Um dos grandes obstáculos do projeto era dar destino ao vidro, que representa 20% de todo o resíduo que é gerado. O difícil acesso ao município, por uma única estrada de terra, tornava inviável os custos com o frete para a retirada do material e moradores e, principalmente, estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes e pousadas, não tinham onde armazenar vasilhames.
Assim, entrou em cena a Owens Illinois (O-I), maior fabricante de embalagens de vidro do mundo, que, em sua parceria com a beneficiadora de vidros Revida, ofereceu a solução. Foram cobertos os custos com o transporte do vidro, que segue primeiro até a sede da Revida, em Salvador, onde a empresa limpa, separa e tritura o material, e encaminha os cacos para a fábrica da O-I, no Recife.
“Acreditamos que a responsabilidade compartilhada gera a prosperidade coletiva. Mesmo sendo os maiores recicladores de vidro do país, ainda há muito a ser feito e é cada vez mais necessário liderar e promover iniciativas que conectem em rede os diferentes elos da cadeia, a fim de resolver um problema comum, gerar renda e viabilizar a logística reversa do vidro até nossos fornos”, comenta Alexandre Macário, líder da área de Economia Circular da O-I.
Adepta do movimento Lixo Zero, Gabriele, que é suíça criada no Brasil, morou muitos anos no país europeu, mas decidiu voltar ao Brasil e viver em Maraú para atuar na causa ambiental. Ela salienta que a demanda dos empresários locais por uma solução para a
s embalagens de vidro era latente. “Chegamos a retirar seis toneladas de vidro somente de um bar na região mais turística da cidade. Não sabíamos como escoar os resíduos vítreos, por isso essa parceria foi providencial”, comemora.
A iniciativa retirou, até o momento, 32 toneladas de embalagens de vidro da cidade de Maraú”, conta Ana Carolina dos Santos, engenheira química e trainee em Economia Circular da O-I, que atuou desde o início para desenvolver a parceria com o Programa Península Lixo Zero.
Fonte: Ketchum