Close

Recuperação das garrafas PET cresce e aquece mercado de reciclagem

O crescente uso de produtos fabricados com plástico reciclado está apresentando oportunidades lucrativas para o mercado de reciclagem em todo o mundo. Devido ao seu alto potencial de recuperação, o PET é um dos materiais mais valorizados, movimentando  cerca de R$ 3,5 bilhões por ano com reciclagem.

De acordo com a pesquisa anual de reciclagem no Brasil, encomendada pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), das 366 mil toneladas de PET recicladas em 2020, 30% foram aplicadas em frascos e garrafas em geral, para produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica.

O segmento bottle-to-bottle – processo que transforma uma garrafa PET pós-consumo em outra nova e pronta para ser envasada – é um dos que estão mais em alta, impulsionado principalmente pelas metas de sustentabilidade ambiciosas das grandes empresas. A Coca-Cola, por exemplo, tem 99,4% do portfólio em embalagens recicláveis e pretende em breve chegar a 100%. A mesma meta tem a Pepsico, que até 2025 quer que todas suas embalagens sejam recicláveis, compostáveis ou biodegradáveis.

A empresa CPR, do grupo Valgroup, é pioneira no segmento bottle-to-bottle no Brasil, sendo a primeira instituição no país a obter, em 2008, a aprovação da ANVISA para uso da resina PET PCR (resina pós-consumo reciclada) para contato direto com alimentos.

Segundo o Diretor de Relações Institucionais e Compliance da Valgroup, Eduardo Berkovitz, a valorização do PET reciclado alterou significativa e positivamente o cenário, em termos econômicos, da reciclagem do produto no Brasil. Dados divulgados pela Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET) mostram que a resina reciclada que valia 70% da virgem passou a ser vendida até 20% mais cara nos últimos meses.

Diante deste contexto, a CPR tem buscado aprimorar sua tecnologia para fornecer aos clientes uma resina PET PCR de alta qualidade, que possibilite sua utilização em até 100%, sem queda de performance no processo de transformação.

“Conseguir produzir uma resina com essas características já é, por si só, uma solução inovadora, uma vez que a cada ano são introduzidos no mercado mais garrafas PET de difícil reciclagem, como as garrafas coloridas, com aditivos para extensão de shelf life, com rótulos de difícil remoção, entre outras”, explica Berkovitz.

Simone Carvalho, membro do comitê técnico do PICPlast, lembra que a maior conscientização para auxiliar no processo de coleta vai impulsionar o aumento da demanda por PET reciclado. “O principal motivo de perdas no processamento ainda é a contaminação dos resíduos plásticos com materiais indesejados, que dificultam a triagem. Em 2020, foram 168,8 mil toneladas de material perdido durante os processos de reciclagem. O PET é o material que mais sofreu perdas, devido também ao volume de consumo”, afirma.

 

Para o executivo da CPR, as expectativas diante da valorização do PET são boas, mas poderiam ser melhores caso existisse obrigatoriedade de incorporação do PET PCR nas embalagens, hoje produzidas com resina virgem.

“No Brasil, a incorporação do PET PCR é voluntária. Isso significa que sua precificação, no longo prazo, estará alinhada à resina PET virgem. Entretanto, o custo de produção da resina PET PCR é muito superior ao custo de produção da resina PET virgem devido, sobretudo, às diferenças de escala produtiva.
Portanto, a margem de lucro do setor de reciclagem torna-se mais baixa e, como consequência, não atrai novos investimentos”, explica.

A Europa, Reino Unido e alguns estados dos Estados Unidos já possuem políticas de obrigatoriedade de incorporação e esperam, com isso, aumentar suas taxas de reciclagem.

Fonte: Virta Comunicação