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Belo Horizonte recebe unidade do Conexão Cidadã para catadores de recicláveis

Belo Horizonte se tornou a terceira cidade do país a receber uma unidade do Conexão Cidadã, iniciativa da Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e apoio da Secretaria-Geral da Presidência da República. A proposta é que esta unidade, uma espécie de escritório móvel, passe a oferecer, apoio gratuito aos catadores e catadoras que trabalham nas ruas da capital mineira, facilitando a confecção de documentos, cadastros a programas sociais, acesso a políticas públicas de saúde e serviços de entidades de fomento ao empreendedor.

No evento que marcou a entrega da unidade, realizado em fevereiro,  na prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito em exercício, Álvaro Damião, recebeu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, a diretora executiva de Desenvolvimento Social da Fundação BB, Luciana Bagno, além de representantes do Sebrae, de entidades ligadas aos trabalhadores, como a Rede Sol e a própria ANCAT.

“Já estivemos em Recife, em Aracaju e, agora, em Belo Horizonte, que para mim, que sou daqui, é um momento muito especial”, disse Bagno. “Este projeto representa muito à Fundação BB por estar diretamente ligado ao nosso propósito, de promover coletivamente caminhos para a transformação social e a relação sustentável com a natureza”.  A diretora ressaltou que o Conexão Cidadã leva dignidade aos trabalhadores da coleta de materiais recicláveis, que exercem uma função importante e, segundo ela, nem sempre é valorizada. “Eles prestam um grande serviço ao meio ambiente, à economia circular e à sustentabilidade do planeta”, disse.

Segundo Bagno, a Fundação Banco do Brasil levará o projeto, ainda neste semestre, em caráter piloto, à Brasília, Belém e Curitiba. “Com as unidades, serão entregues suporte jurídico, de assistência à saúde, apoio psicossocial, regularização de documentos e, muito importante, darão a catadores e catadoras autônomos a possibilidade de formalização, de trazê-los para um órgão associativo, o que promove uma melhora na qualidade de vida e os fortalece como categoria”.

Márcio Macedo também exaltou a proposta do Conexão Cidadã. “Quando o presidente Lula me convidou para ser ministro, ele me disse que queria cuidar dos catadores e catadoras, que precisávamos recuperar essa cadeia produtiva que, nos anos anteriores, no governo passado, havia sido dizimada, muitos deles foram salvos agora, com os programas sociais”, explicou. “Estes trabalhadores foram renegados a brasileiros de segunda categoria, algo que precisa ser reparado, corrigido com políticas públicas e com o nosso compromisso com esses irmãos e irmãs, gente que ajuda o Brasil a se desenvolver de forma sustentável”.

A unidade de Belo Horizonte contribuirá com outras iniciativas da prefeitura voltadas às associações de classe do segmento, muitas conduzidas pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). “Os catadores, que costumam sofrer preconceito por estarem nas ruas, estão trabalhando para a cidade”, disse o prefeito Damião, que aproveitou a solenidade para entregar à cidade seis caminhões que serão usados na coleta seletiva porta a porta. “O projeto levará a essas pessoas, que nos ajudam a limpar Belo Horizonte, os serviços de regularização que elas tanto precisam”.

História de lutas

A escolha da capital mineira como parte da expansão do Conexão Cidadã faz justiça à história de luta dos trabalhadores da coleta de recicláveis. “É um patrimônio histórico, eu vinha para cá para aprender com o pessoal da Asmare”, disse Roberto Laureano da Rocha, presidente da ANCAT, citando a Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (ASMARE), uma das primeiras entidades civis do país neste setor. “Belo Horizonte é um berço que formou profissionais, é uma história muito bonita, grandiosa, e voltamos hoje para cumprir o compromisso de nunca deixarmos os irmãos das ruas sozinhos”.

Laureano da Rocha lembrou a luta empenhada, não só pela ASMARE, mas também por outras entidades de Belo Horizonte, como a Cooperativa de Reciclagem dos Catadores da Rede de Economia Solidária (Cataunidos) e a RedeSol. “Há muitos anos a gente anseia por esse momento. Lá em 2004, iniciamos o nosso trabalho de união debaixo de uma árvore, quando pensávamos ser impossível termos forças para assinarmos um contrato com a prefeitura.  Hoje, nosso trabalho é reconhecido e agradeço a todos os trabalhadores que resistiram”, disse Ivaneide Souza, diretora-presidente da RedeSol.

Ivaneide agradeceu o apoio dos órgãos que viabilizaram o Conexão Cidadã na cidade. Assim como Maria das Graças Marçal, conhecida como Dona Geralda, representante da Cataunidos. “Fico feliz de saber que nós podemos fazer alguma coisa. Valeu a luta, é uma conquista importante, e não paramos por aqui, precisamos que o pessoal retome a sua condição de cidadania, como eu recuperei a minha”.

Fonte e foto: divulgação:  Apex Conteúdo Estratégico