O descarte responsável é uma das questões ambientais mais urgentes da atualidade, e a participação ativa do consumidor na revalorização desses materiais é fundamental para mitigar os impactos ecológicos. O estudo “Um Mundo de Resíduos: Riscos e Oportunidades na Gestão de Resíduos Domésticos” revelou que 41% das pessoas os descartam inadequadamente, enquanto apenas um terço (33%) separa corretamente os materiais recicláveis para a coleta seletiva, considerando a média global.
No Brasil, a pesquisa realizada pela Lloyd’s Register Foundation, em colaboração com o UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a empresa Engineering X, indicou que 59% das residências separam os materiais antes de descartá-los, superando a média mundial. No entanto, o estudo apontou uma diferença geracional: 75% das pessoas acima de 65 anos realizam a coleta, enquanto apenas 41% dos jovens entre 15 e 29 anos adotam essa prática.
Esse cenário destaca a urgência de promover a educação ambiental e a necessidade de políticas que incentivem a participação cidadã na gestão de resíduos e práticas sustentáveis. Em 2022, o Brasil enviou cerca de 70 milhões de toneladas de produtos recicláveis para aterros e lixões, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), evidenciando a magnitude do problema.
“Criar um circuito de economia circular para os resíduos plásticos vai além da simples separação dos materiais. A economia circular reflete uma mudança de mentalidade, onde as pessoas, ao agirem de forma consciente, não apenas reduzem os impactos ambientais que é nosso principal objetivo, mas também fortalecem a economia e criam um ecossistema sustentável para todos.”, afirma Augusto Freitas, CEO da Cristalcopo e fundador do projeto Recicla Junto.
Projetos como o Recicla Junto são fundamentais para promover a conscientização e a economia circular. Desde 2019, o projeto reciclou 439 toneladas de resíduos, retirados do meio ambiente e transformados. Durante os jogos do Brasileirão no Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma, o projeto reciclou aproximadamente 12.848 toneladas de plástico, papel e vidro, o que representa um aumento de 35% em relação ao ano anterior.
A iniciativa conta com a colaboração da ACAFOR (Associação de Catadores de Forquilhinha), que realiza a reciclagem e garante a economia circular, além de gerar uma fonte de renda para esses trabalhadores.
“O Recicla Junto busca transformar a realidade por meio do exemplo, mostrando que é possível reduzir os impactos ambientais por meio da economia circular. Nosso objetivo é promover a educação e a conscientização socioambiental, e o esporte tem se mostrado uma grande ferramenta para essa transformação”, destaca Augusto Freitas.
Para que esses projetos sejam sustentáveis, é essencial investir em infraestrutura. Muitas regiões do Brasil ainda enfrentam coleta irregular, o que contribui para práticas inadequadas, como a queima de lixo a céu aberto.
Em áreas rurais, 36% das famílias ainda os queimam, liberando poluentes e agravando o aquecimento global. A implementação de sistemas eficientes de coleta e a inclusão dos catadores no processo de gestão de resíduos são passos fundamentais para enfrentar esse desafio. É crucial que as cidades adotem a economia circular, considerando os recursos a serem reintegrados ao ciclo produtivo.
O Japão é um exemplo global de eficiência, com um sistema avançado baseado em normas rígidas de reúso. A conscientização ambiental é forte, e os cidadãos são responsáveis por separar os resíduos em categorias como recicláveis, orgânicos e não recicláveis. Em algumas regiões, o descumprimento das regras pode resultar em multas.
Enquanto isso, o Brasil ainda enfrenta desafios em infraestrutura e conscientização pública. A reciclagem deve ser vista não como a única solução, mas como parte de uma estratégia mais ampla e eficiente de gestão de resíduos, que envolva desde o consumidor até as políticas públicas.
Fonte: PressFC