Em meio a uma grande crise da indústria de alumínio, a Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), pertencente ao grupo Votorantim, se esforça para não perder mercado e segurar a rentabilidade mesmo com elevado grau de ociosidade em suas operações.Por enquanto, o mercado não melhorou e a melhor perspectiva é do segmento de embalagens.
Na fábrica situada em Alumínio, no interior de São Paulo – maior e mais importante do grupo CBA -, atualmente o uso de capacidade produtiva de alumínio encontra-se próximo de 70%, enquanto para os transformados o índice está perto de 40%, segundo Fernando Varella, diretor da área de transformados da unidade.
A capacidade produtiva anual da fábrica é de 430 mil toneladas de alumínio primário e 280 mil toneladas de transformados. Na reciclagem, o grupo recolhe 150 mil toneladas por ano.
Além da ociosidade, a companhia também enfrenta um problema, ainda não preocupante, de alguns atrasos na entrega de matéria-prima. O principal ingrediente do alumínio é a bauxita, que chega na fábrica por meio de linha ferroviária. Agora, entretanto, essa rota disputa lugar com o agronegócio, em meio a safras recordes no país.
Alumínio é uma unidade quase que totalmente integrada, com produção de alumina, fundições de onde sai o alumínio primário e laminações para a fabricação de transformados. Está separada apenas a mineração de bauxita, localizada em quatro unidades de Minas Gerais.
O segmento de embalagens é o principal cliente da CBA na divisão de transformados, que são as folhas e chapas de alumínio usadas em latas, pacotes de alimentos e bebidas em pó, além de outros itens. Um terço das vendas de Alumínio vão para a fabricação desses produtos.
“O mercado de embalagens sempre esteve em transformação e a CBA quer garantir que o alumínio continue presente”, declarou Varella. “Há muitas discussões para tentar reduzir o uso de embalagens, por causa do descarte, mas acreditamos que o alumínio ajuda na performance e durabilidade do produto.”
Para evitar perda de mercado em meio ao acirramento da concorrência, o foco da empresa hoje é a inovação. Cada vez mais a unidade de Alumínio procura os clientes para atender a cada especificidade dos produtos, muitas vezes fabricando tipos do metal que ainda não eram feitos – só no exterior. “Muitas vezes o que importam nós conseguimos fazer aqui,
Por outro lado, construção civil e transportes são os segmentos que mais pesam na operação da CBA atualmente. Sem lançamentos imobiliários substanciais no país e com o mercado automotivo desabando, a empresa vende cada vez menos para os setores. E não há perspectiva de melhora no curto prazo.
A expectativa é que as vendas de veículos subam neste ano, frente a uma base assustadoramente baixa em 2016. Mesmo assim, as encomendas ainda não chegaram. Para caminhões, a perspectiva é ainda pior. No caso da construção, o alumínio é usado no acabamento, ou seja, só quando a obra acaba. Não há horizonte de demanda relevante neste ano porque pouca
A expectativa é que as vendas de veículos subam neste ano, frente a uma base assustadoramente baixa em 2016. Mesmo assim, as encomendas ainda não chegaram. Para caminhões, a perspectiva é ainda pior. No caso da construção, o alumínio é usado no acabamento, ou seja, só quando a obra acaba. Não há horizonte de demanda relevante neste ano porque pouca coisa está sendo lançada no setor.
Uma maneira de driblar a crise interna é partir para o exterior. As exportações hoje atendem por aproximadamente 30% das vendas de transformados que saem de Alumínio. Mas poderia ser mais. “O câmbio nos complicou e isso, em conjunto com a concorrência lá fora e fatores como o protecionismo, está minando as exportações”, revela Varella.
Os principais destinos dos produtos são Estados Unidos e Europa, com Argentina e Chile aparecendo logo após. Mas a preferência, acrescenta o diretor da área de transformados, era que se pudesse vender a maioria na própria América Latina.
Mesmo com a crise que atinge o Brasil, pouco se viu de fusões ou aquisições relevantes. Geralmente um mercado em baixa como esse causa consolidação. Para Varella, o momento ainda é de ajustes internos das empresas.
Fonte: Valor Economico