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Crescimento da reciclagem de garrafas PET

Fibras têxteis para edredons, travesseiros e carpetes; piscinas; tintas e até novas embalagens, inclusive para alimentos, podem ser produzidas a partir da reciclagem das embalagens de PET. Com um trabalho voltado ao desenvolvimento da demanda, a reciclagem de embalagens PET teve forte crescimento ao longo dos últimos anos. Passou de 250 mil toneladas, em 2016, para 360 mil toneladas, em 2021, de acordo com o 12º Censo da Reciclagem do PET no Brasil.

Mesmo demonstrando bom desempenho, o setor é unânime em afirmar que o volume de embalagens PET pós-consumo recicladas poderia ser muito maior. No entanto, o setor enfrenta um sério desafio: ao contrário do que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 2010, os municípios brasileiros não cumpriram sua parte e não implantaram sistemas públicos e eficientes de coleta seletiva. Com isso, embalagens pós-consumo são descartadas de maneira errada, enquanto recicladores trabalham com ociosidade de até 40%, sendo obrigados a interromper, parcialmente, suas atividades.

Na ausência de coleta seletiva municipal, mais de 90% de todo o PET descartado pelos consumidores chega para a indústria de reciclagem através de sistemas alternativos, entre eles cooperativas e sucateiros, que são constituídos exclusivamente por catadores. Nos municípios sem coleta seletiva, as garrafas PET estão sendo enterradas, deixando de gerar renda e beneficiar o meio ambiente.

“O setor industrial do PET investiu centenas de milhões de dólares em um parque moderno e eficiente. Também trabalhou para gerar uma forte demanda para o material reciclado junto a diferentes indústrias, viabilizando economicamente a atividade e gerando renda para os catadores”, destaca Auri Marçon, presidente executivo da ABIPET.

“Mas, infelizmente, não tivemos a reciprocidade do poder público, o que gerou um quadro inusitado: há grande procura pelo material PET reciclado e, ao mesmo tempo, as empresas recicladoras lidam com a ociosidade de sua capacidade instalada e não conseguem atender a demanda existente, pois as embalagens pós-consumo estão sendo enterradas em lixões por todo o Brasil ou descartadas de maneira incorreta no meio ambiente. Por conta desse desequilíbrio, a resina de PET reciclada tem chegado a um valor 20% superior ao da resina virgem.”

Setor gera renda bilionária para a base da cadeia produtiva

Atualmente, a indústria recicladora do PET fatura R$ 3,6 bilhões ao ano. Aproximadamente 40% desse total fica na base da cadeia produtiva, representada por catadores, cooperativas e sucateiros. “Mais de 90% do PET pós-consumo reciclado é proveniente da coleta feita por esse segmento. No entanto, entendemos que a participação dos municípios ampliaria fortemente esse trabalho, com a adoção de sistemas híbridos, com coleta pública, triagem e cooperativas, criando uma solução mais eficaz, considerando as características socioeconômicas e logísticas do Brasil”, destaca Marçon.

 

 

Luz científica para desfazer mitos e promover interlocução eficiente com o poder público

Como entidade que representa massivamente o setor do PET, a ABIPET tem investido ao longo dos anos em informações e estudos para jogar luz científica sobre o debate da gestão dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. O objetivo é contribuir para a formulação de políticas públicas consistentes e factíveis.

Nesse sentido, o Censo da Reciclagem do PET no Brasil já é amplamente conhecido e subsidia o setor e o poder público a respeito dos gargalos existentes no quesito da reciclagem em todo o país. O levantamento destaca os pontos sensíveis que devem ser aprimorados, como a criação de um sistema público de coleta seletiva dos materiais por parte dos municípios e projetos de embalagens que sejam facilmente recicladas.

Mais recentemente, a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) veio subsidiar o poder público, as empresas e os consumidores com informações técnicas e científicas que auxiliem na tomada de decisão sobre qual é a melhor opção de embalagem sob o ponto de vista ambiental. O estudo foi construído a várias mãos, por diferentes elos do mercado, sob a coordenação da ABIPET, com a participação ativa da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR) e da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE), além de importantes contribuições de empresas e grandes brand-owners destes setores, que garantiram representatividade média superior a 80% do mercado.

As equipes do Centro de Tecnologia de Embalagens, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL/CETEA), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, construíram um genuíno Inventário do Ciclo de Vida das Embalagens PET. Já a ACV Brasil, especialista neste tipo de estudo, conduziu a comparação do PET com outras embalagens.

Sem surpresas para o setor, o estudo comprovou que a embalagem PET é a melhor opção em termos ambientais para o envase e a distribuição de água, refrigerante e óleo comestível. O Sumário Executivo do estudo pode ser conferido neste link.

Fonte: Oboe Comunicação