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K 2025 volta-se para o Sudeste Asiático: motor de inovação para as cadeias globais de suprimento

Os países do Sudeste Asiático, coletivamente conhecidos como ASEAN, demonstraram capacidade de adaptação e prosperidade mesmo em meio à incerteza econômica. O setor de fabricação de plásticos da região, em especial, tem aproveitado sua posição estratégica nas cadeias globais de suprimento e sua base industrial diversificada, que inclui os segmentos automotivo, bioplásticos, dispositivos médicos, embalagens e produtos químicos.

Embora o mercado de plásticos da região já esteja em crescimento devido à expansão do setor manufatureiro, ao aumento da demanda por bens de consumo e à urbanização crescente, ele pode ser ainda mais impulsionado pelas tarifas impostas nos EUA pelo presidente Donald Trump sobre importações. Como essas tarifas ameaçam as cadeias de suprimento e aumentam os custos para os fabricantes americanos, é esperado que empresas dos EUA busquem novas fontes de abastecimento, possivelmente na Ásia.

Relatórios preliminares indicam que o setor de plásticos do Sudeste Asiático deverá registrar uma produção de 32 milhões de toneladas neste ano e crescer 4% ao ano, alcançando quase 39 milhões de toneladas até 2030, segundo a Mordor Intelligence.

Crescimento regional dos veículos elétricos (EVs)

Nos últimos anos, o Sudeste Asiático intensificou seus esforços para desenvolver políticas voltadas à adoção de veículos elétricos (EVs), em resposta à crescente preocupação global com a redução das emissões de carbono. De acordo com a Secretaria da ASEAN, as emissões per capita de CO₂ na região permanecem entre as mais baixas do mundo, com 3,9 toneladas, bem abaixo da China (7,1) e dos EUA (14). Com forte potencial de crescimento na produção e nos recursos naturais, o mercado de EVs da região deve crescer de US$ 1,5 bilhão em 2025 para US$ 6 bilhões até 2030, com um CAGR de 32%, segundo a Mordor Intelligence.

A Tailândia, conhecida como “Detroit da Ásia”, avança com a meta de que 30% da produção automotiva seja de veículos elétricos até 2030 (725 mil carros e 675 mil motocicletas). O país também reduziu significativamente o imposto sobre consumo de veículos elétricos de 8% para 2% e oferece reduções de até 40% na tarifa de importação, atraindo fabricantes como a chinesa BYD, que recentemente inaugurou sua primeira fábrica de EVs no Sudeste Asiático.

A vizinha Malásia está “colocando em prática o discurso” ao lançar seu primeiro veículo elétrico a bateria produzido localmente, chamado e-Mas, fabricado pela montadora nacional Proton em colaboração com a chinesa Geely. A Proton também estabeleceu um novo centro de P&D na China para acelerar o desenvolvimento de EVs.

Como maior produtor mundial de níquel, a Indonésia está focada na produção de baterias. Em 2023, o país produziu 55 milhões de toneladas de níquel, 42% da oferta global. A meta é produzir 140 GWh de baterias até 2030. Em 2023, o país lançou sua primeira planta de baterias para EVs no valor de US$ 1 bilhão em Karawang, Java Ocidental, com capacidade para abastecer 150 mil EVs por ano.

Enquanto isso, as Filipinas ainda estão em estágio inicial de planejamento, mesmo com o setor de transportes contribuindo com mais de 50% da poluição do ar em áreas urbanas como Manila. A transição para EVs é vista como uma solução crucial para melhorar a qualidade do ar urbano.

Apesar do forte potencial de crescimento, a indústria de EVs no Sudeste Asiático ainda enfrenta desafios importantes, como altos custos de baterias, escassez de peças, falta de especialistas e programas de capacitação, problemas com a rede elétrica e inconsistências nos padrões de carregamento e instalação, segundo a Autoridade de Desenvolvimento de Investimentos da Malásia.

O Conselho Empresarial EUA-ASEAN destaca o investimento estrangeiro direto como essencial para superar essas barreiras e acelerar a adoção de EVs na região.

Tecnologia médica impulsionando o crescimento

O setor de dispositivos médicos do Sudeste Asiático está em rápida expansão, impulsionado pelo aumento da demanda por saúde, envelhecimento populacional e avanços tecnológicos. O mercado deve alcançar US$ 12 bilhões até 2025 e US$ 16 bilhões até 2029, com um crescimento anual médio de 7,5%, segundo a Statista.

A rápida integração de tecnologias avançadas como automação, telemedicina, soluções de saúde baseadas em IA e robótica junto à expansão da infraestrutura hospitalar, abertura de novos centros de saúde e fortalecimento da força de trabalho médica, ampliará a necessidade de capital e oportunidades de negócios.

A Malásia é o mercado de crescimento mais acelerado, com foco em equipamentos como aparelhos de ultrassom, ressonância magnética, diagnósticos in vitro e implantes ortopédicos e dentários, segundo a Fitch Solutions.

O Vietnã fortalece sua posição investindo em instalações para produção de insumos médicos plásticos, enquanto Filipinas e Indonésia concentram-se na demanda interna por EPIs e suprimentos médicos.

Em Singapura, o mercado de dispositivos médicos cresce rapidamente devido ao foco do governo na infraestrutura de saúde e promoção da inovação em tecnologias médicas. No entanto, enfrenta desafios regulatórios, como o novo Esquema de Rotulagem de Cibersegurança para Dispositivos Médicos, que pode elevar os custos de conformidade e limitar o acesso ao mercado de produtos não rotulados.

Pontos de destaque em soluções sustentáveis para plásticos

Em relação aos plásticos sustentáveis, Malásia e Tailândia lideram o mercado no Sudeste Asiático. A Malásia utiliza resíduos de óleo de palma e cachos vazios de frutos (EFBs) para produzir bioplásticos como ácido polilático (PLA), polissacarídeos, lignina e polihidroxialcanoatos (PHA) via fermentação microbiana. O país se posiciona como concorrente direto da Tailândia, segundo o Conselho do Óleo de Palma da Malásia. A Tailândia, por sua vez, exporta 90% de seus bioplásticos para mercados como Itália, Holanda, China, Coreia do Sul e EUA.

Entre os grandes investidores na Tailândia estão a joint venture da francesa Total com a holandesa Corbion — Total Corbion PLA — que produz PLA à base de cana-de-açúcar, ampliando sua capacidade de 75 mil para 100 mil toneladas/ano.

A NatureWorks, uma joint venture da tailandesa PTT Global Chemical com a americana Cargill, está construindo uma planta de 75 mil toneladas/ano de PLA na província de Nakhon Sawan, que será integrada com produção de ácido lático, lactídeo e polímero. A planta abastecerá a região Ásia-Pacífico com aplicações como impressão 3D, não-tecidos para higiene, cápsulas compostáveis, sachês de chá e embalagens flexíveis.

A brasileira Braskem e a tailandesa SCG Chemicals formaram a joint venture Braskem Siam Company para produzir, pela primeira vez no Sudeste Asiático, bioetileno e polietileno de origem renovável.

Desde 2017, a joint venture PTT MCC (PTT Global Chemical e Mitsubishi Chemical Corporation) já produz bio-PBS (polibutileno succinato), a partir de ácido succínico derivado de açúcar ou mandioca e 1,4-butanodiol.

Desafios para o crescimento dos bioplásticos na Ásia

Apesar do crescente interesse ambiental e das mudanças nas preferências dos consumidores, principalmente no setor de embalagens, o mercado de bioplásticos na Ásia ainda enfrenta diversos obstáculos.

O principal entrave é a ausência de políticas governamentais coesas sobre produção, uso e gestão de resíduos de bioplásticos. Essa incerteza regulatória dificulta o planejamento estratégico e os investimentos. Outro desafio são os altos custos, especialmente no processamento de resinas de cana-de-açúcar e mandioca. Além disso, a região possui poucos fabricantes de bioplásticos, a maioria de pequeno porte.

Diferentemente dos plásticos convencionais, que se beneficiam de infraestrutura madura e escala industrial, os bioplásticos ainda enfrentam desvantagens estruturais.

A volatilidade de preços de insumos agrícolas, como milho e cana-de-açúcar influenciados por clima e safras também cria incertezas. Além disso, nem todos os bioplásticos são biodegradáveis, e alguns exigem condições industriais específicas para a decomposição, o que limita sua efetividade em países com pouca infraestrutura de compostagem.

Boom de investimentos em reciclagem no Sudeste Asiático

Com o aumento da poluição plástica no Sudeste Asiático, cresce a ênfase na reciclagem. Na Indonésia, onde apenas 10% do plástico é reciclado, o governo lançou uma estratégia de US$ 18 bilhões (2017–2040) para reduzir em 70% o plástico marinho, ampliar a coleta, expandir a capacidade de reciclagem e melhorar os sistemas de descarte.

Destaques incluem uma planta de rPET de 36 mil toneladas/ano da PT Alba Tridi (joint venture com Alba Group Asia) e uma fábrica em Java Oriental da Danone-Aqua com a Veolia. A Indorama Ventures está construindo uma instalação para reciclar 2 bilhões de garrafas PET/ano e obteve empréstimo de US$ 200 milhões do IFC para expandir operações na Tailândia.

A Tailândia conta com forte demanda por reciclados e infraestrutura de reciclagem em Bangkok, Chon Buri e Rayong — ainda que dependa do setor informal para coleta. Em Rayong, a Indorama e a austríaca Alpla produzem juntas 30 mil toneladas de rPET grau alimentício e 15 mil toneladas de rHDPE ao ano. A SCG e a Dow pretendem alcançar 200 mil toneladas de plásticos reciclados por ano até 2030 com tecnologias avançadas.

Na Malásia, a Petronas Chemicals está construindo com a britânica Plastic Energy uma planta de reciclagem química em Johor, com início previsto para 2026, que processará 33 mil toneladas/ano de plásticos de fim de vida útil.

O Vietnã gera cerca de 3,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, mas recicla apenas 11%. Isso está mudando: a Duytan Recycling, em parceria com a Ajinomoto sob o esquema de logística reversa (EPR), reciclou 94 toneladas de plástico em 2023 e pretende aumentar a capacidade de PET reciclado de 60 mil para 100 mil toneladas até 2026.

Com localização estratégica, baixos custos e incentivos fiscais, o Vietnã se torna um polo atraente para operações de reciclagem. A chinesa Intco Recycling está investindo US$ 60 milhões para ampliar sua planta no país, produzindo reciclados para materiais de construção exportados para Europa e EUA. A empresa também tem uma planta de plásticos grau alimentício na Malásia.

Em 2024, a britânica Cedo adquiriu a recicladora vietnamita Vinatic, elevando sua capacidade global para 100 mil toneladas e reforçando sua presença na Ásia.

Por outro lado, países como Camboja, Laos e Mianmar enfrentam aumento no consumo de plástico, mas ainda carecem de sistemas eficazes de reciclagem. Só em Phnom Penh, 10 milhões de sacolas plásticas são usadas diariamente, destacando a urgência de ações concretas.

K 2025

Cinquenta expositores do Sudeste Asiático participarão da feira K 2025. A Malásia será o país mais representado, com 15 expositores, seguida pela Tailândia e Singapura, com 11 cada.

A K 2025 será realizada diariamente das 10h às 18h30, de quarta-feira, 8 de outubro, a quarta-feira, 15 de outubro. Os ingressos custam 60 euros (1 dia) e 125 euros (3 dias). Estudantes e alunos pagam 20 euros (1 dia).

Sobre a K em Düsseldorf:
Realizada pela primeira vez pela Messe Düsseldorf em 1952, a K ocorre a cada 3 anos. A edição mais recente, em 2022, contou com 3.020 expositores de 59 países, em 177.516 m², e atraiu 177.486 visitantes comerciais — 71% internacionais. Mais informações em: www.k-online.com.

 

Fonte: Imprensa Messe Düsseldorf e foto: divulgação Messe Düsseldorf