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Klabin dobrou de tamanho na gestão de Schvartsman

Aos 63 anos, o engenheiro Fábio Schvartsman chega ao comando da Vale, maior mineradora de ferro do mundo, num momento de processo de mudanças na empresa. Primeiro, com um plano de unificação de suas ações em uma só classe e se listando no Novo Mercado da BM&FBovespa, com isso elevando seu nível de governança. Segundo, a assinatura de novo acordo de acionistas, até 2020, tornando-se uma companhia de capital pulverizado – sem bloco de controle definido.

Schvartsman vem de uma gestão de seis anos na Klabin, maior fabricante de papéis para embalagens do país. Chegou ao seu comando em fevereiro de 2011, oriundo do grupo Ultra, onde passou boa parte de sua vida profissional – 22 anos. No Ultra, foi responsável pela abertura de capital da holding Ultrapar.

Ele era apontado como um dos prováveis sucessores do então presidente, e acionista, Paulo Cunha, que deixou o cargo no grupo em 2007. Schvartsman saiu do Ultra no mesmo ano, quando era o diretor-financeiro da holding Ultrapar e também sócio-diretor da Ultra S.A.
Na Klabin, além de uma profunda reorganização, o executivo pôs em marcha um projeto bilionário de expansão em celulose, que a capacitou a crescer de novo em papéis para embalagens nos próximos anos. O projeto, que entrou em operação no ano passado, era considerado estratégico. Ao mesmo tempo, possibilita adicionar valor a sua enorme reserva florestal e ampliar a produção própria de matéria-prima com baixo custo de produção.
Sob sua liderança, a Klabin migrou para o nível 2 de governança corporativa da BM&FBovespa e emitiu units como fonte de financiamento do Projeto Puma, em Ortigueira (PR) – investimentos de cerca de R$ 8,5 bilhões. Em paralelo, a empresa continuou ampliando a produção de papéis, consolidando-se na liderança de diferentes segmentos, entre os quais cartões para líquidos e caixas de papelão ondulado.

Em sua gestão, a Klabin deu saltos de crescimento. A receita líquida passou de R$ 3,9 bilhões para R$ 7,1 bilhões ao fim de 2016 – um aumento superior a 80%. Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) mais que dobrou, de R$ 1,03 bilhão em 2011 para R$ 2,29 bilhões no ano passado.

Ao todo, registrou 22 trimestres consecutivos de crescimento, em base anualizada, do Ebitda. Já o volume de vendas foi de 1 milhão de toneladas para 2,7 milhões de toneladas em 2016.

Após a reorganização e o investimento bilionário em celulose, que levou a Klabin a outro patamar, o foco do executivo estava centrado na desalavancagem financeira da companhia – desafio que também terá, a partir de maio, à frente da Vale (ver abaixo).

A chegada na Klabin foi bem recebida pelos analistas. A companhia, que já foi a maior de seu setor no país e perdeu posições no ranking para Fibria e Suzano Papel e Celulose, era avaliada como muito conservadora e fechada a grandes novidades. A nomeação de um executivo de mercado, e não formado nos quadros da Klabin, chamou a atenção. Agora, sua escolha para assumir a presidência da Vale, surpreendeu o setor papeleiro.

O desempenho à frente da Klabin rendeu a Schvartsman uma série de prêmios. Ele foi eleito quatro vezes “Executivo de Valor”, publicação anual do Valor com base em escolha feita por um grupo de headhunters, no segmento de celulose, papel e papelão – 2012, 2013, 2014 e 2016. Em 2015, a companhia foi eleita “Empresa do Ano” da publicação “Valor 1000”.

O novo presidente da Vale é graduado e pós-graduado em engenharia de produção pela Universidade de São Paulo (Politécnica) e pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Antes do Ultra e Klabin (como diretor-geral), Schvartsman trabalhou dez anos na Duratex, controlada da Itaúsa, presidiu a Telemar Participações e a San Antonio Internacional.

Torcedor convicto do Corinthians, amante de comida japonesa e leitor do escritor britânico Eric Hobsbawm, o executivo foi ainda membro dos conselhos de administração do Pão de Açúcar, Gafisa, Contax e do Hospital Albert Einstein, entre outras companhias.

A Klabin ainda não definiu o nome do sucessor de Schvartsman na diretoria-geral. Em fato relevante, a companhia informou que foi comunicada pelo executivo sobre sua saída para assumir o comando da Vale.

“Até que seja decidido o executivo que ocupará o cargo de diretor-geral, a companhia segue com foco na estratégia de crescimento e na execução das metas dos negócios”, informou, em nota à imprensa, no início da noite. A companhia reitera que, após seis anos de dedicação, Schvartsman vai assumir “mais um importante desafio em sua carreira: carreira: a presidência da Vale”. “Nosso desempenho está baseado em um modelo de negócio único, sustentável, rentável e estruturado ao longo de 118 anos de história”, disse o presidente do conselho de administração, Paulo Sérgio Coutinho Galvão Filho.

A Klabin lembrou que o executivo estabeleceu um novo ciclo de gestão e de resultados na companhia que, desde 2011, dobrou a capacidade de produção, entrou em novos mercados, “triplicou seu valor de mercado e manteve seus resultados financeiros em crescimento por 22 trimestres consecutivos”.

Fonte: Valor Econômico