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Painel de Feiras Internacionais aponta tendências e inovações em embalagens

No último dia 04 de dezembro, o Instituto de Embalagens reuniu cerca de 100 profissionais que atuam com embalagens no Painel de Feiras Internacionais, no auditório da FIESP, em São Paulo. O evento, o 123֩ do Instituto de Embalagens, apresentou as novidades, tendências e inovações das feiras Anuga, K e Andina Pack.

 

Os números revelam a grandiosidade da Anuga, maior feira de alimentos e bebidas do mundo, que acontece a cada dois anos, na Alemanha. Este ano, a feira celebrou o seu centenário, atraindo 170 mil visitantes de 201 países. Diversidade é uma marca da Anuga que reuniu 7500 expositores de 106 países em 11 pavilhões.

 

“As cinco megatendências Saúde, Segurança Alimentar, Sofisticação, Conveniência e Sustentabilidade seguem impactando a indústria de alimentos e bebidas”, afirma Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens.

 

As bebidas funcionais estão ganhando as prateleiras. A Sonatural, de Portugal, inovou ao apresentar um suco 100% natural, sem conservantes, açúcar e água, que contém entre seus ingredientes, o carvão ativado, para eliminar substâncias tóxicas do organismo. Da Coréia do Sul, o suco de cebola, que é rico em antioxidantes, apresentado em stand-up pouches e em stick packs na versão concentrada.

 

Ainda na categoria de bebidas, a Tailândia destacou o uso do coco em diferentes aplicações, como coco em bisnaga para uso culinário, leite condensado de coco e a água de coco em pó (basta adicionar água para o consumo). “O produto é valorizado através de belas embalagens”, afirma Assunta.

 

Praticidade e conveniência na hora de preparar a massa. A marca alemã Frizle adotou uma embalagem inovadora e simples para proporcionar uma nova experiência de consumo. O fundo da embalagem tem perfurações para dispensar a massa fresca direto na panela. A refeição fica pronta em cinco minutos e serve uma pessoa.

 

Street food é a nova tendência de consumo na indústria de alimentos. Os chips de porco são apresentados em embalagens individuais para consumo conveniente e prático.

 

A proposta da dinamarquesa Retap destaca-se pela sustentabilidade da embalagem. A empresa desenvolveu uma garrafa de vidro borossilicato reutilizável que foi especialmente projetada para beber água da torneira de forma fácil, econômica e mais ecológica. O vidro borossilicato proporciona uma embalagem altamente resistente e ultraleve.

 

“Hoje, a dinâmica da cozinha e a relação do consumidor com a comida é totalmente diferente”, afirma Jumar Pedreira, sócio-diretor da MFSP Marketing. Para ele, quatro tendências definem a Anuga 2019: proteína alternativa, tecnologia, comida à base de planta e startups. “Os alimentos feitos de insetos estão presentes em culinárias mundo afora. No Brasil, existem fazendas de insetos comestíveis.Toda uma cadeia alimentar está se formando para este mercado”.

 

Os produtos à base de plantas como os hambúrgueres veganos capricham na aparência visual das embalagens, buscando referência em categorias tradicionais para atrair a atenção dos consumidores. “É a evolução natural da indústria”, afirma Pedreira.

 

Novidade que promete mudar a indústria de panificação e confeitarias, a tecnologia de impressão 3D é realidade. “A Choc Creator permitir criar formatos criativos e personalizados de chocolates”, explica.

 

Ainda na Alemanha, a feira trienal K, considerada a maior plataforma de negócios da indústria do plástico no mundo, reuniu 1975 expositores de equipamentos e 839 empresas de matérias-primas. Embalagem é o setor mais importante da feira. E, sem dúvida, este ano, segundo Assunta, a economia circular do plástico foi o principal foco da K. A Sabic apresentou a sua linha de soluções circulares Trucircle para aplicação em embalagens. “O pote do sorvete Magnum, da Unilever, foi produzido com polímeros reciclados quimicamente”, revela.

 

A indústria de polímeros sempre se preocupou em maximizar as propriedades das resinas plásticas para a produção de embalagens. Mas, agora a ênfase mudou. “É preciso pensar no desenvolvimento de materiais que facilitem a reciclagem”, afirma Claudio Marcondes, professor e coordenador do Núcleo de Materiais do Instituto de Embalagens.

 

Um exemplo disso é a nova linha de PE (polietileno) laminado da ExxonMobil que facilita a reciclagem de embalagens plásticas. “Esta solução monomaterial vai substituir as estruturas laminadas convencionais, oferecendo as mesmas propriedades de desempenho”, revela Marcondes.

 

Os fabricantes de equipamentos também apresentaram soluções sustentáveis. Em conjunto com a SML, a Kiefel desenvolveu um processo de embalagem PET termoformada com três camadas, sendo a camada interna de PET espumado. “O resultado final deste processo é uma embalagem com maior resistência ao calor (até 100°C), maior isolamento térmico e 50% mais leve do que a embalagem convencional de PET”, explica Simone Ruiz, professora e consultora do Instituto de Embalagens.

 

Pioneira em máquinas termoformadoras, a ILLIG apresentou os copos PET decorados IML-T decorados com rótulos de papel que foram desenvolvidos para facilitar a reciclagem. “Após serem aquecidos até 60o C, os rótulos são facilmente separados do copo”, conta a consultora.

 

Da Alemanha para a Colômbia, na Andina Pack, maior feira de embalagens da América do Sul. Uma solução inovadora para a indústria de cimentos e produtos em pó foi apresentada pela Mondi. O diferencial da embalagem de papel Kraft, PE e Kraft, segundo Edenilson Santos, designer do Instituto de Embalagens, é que suporta chuva por até seis horas, sem danificar o produto.

 

O mercado de flexíveis é muito forte no país. Este tipo de embalagem está presente em diferentes categorias de produtos. “A marca de areia para gatos Free Miau adotou uma embalagem flexível stand-up pouch de 4,5 kg, com pega lateral para facilitar o transporte e tampa que permite dosificar o produto”, revela. A embalagem foi desenvolvida pela Alico.

 

 

Tendências para carnes frescas e processadas

 

Com inovações alinhadas às tendências apontadas nas feiras internacionais, a Sealed Air desenvolveu a embalagem sustentável a vácuo Darfresh® on Board para carne, cuja tecnologia inovadora permite a manutenção por mais tempo dos alimentos frescos, reduzindo o desperdício e seu impacto negativo no meio ambiente.

Segundo Antonio Ponce, a solução não tem desperdício de matéria-prima em comparação ao índice de 40% de desperdício de resíduo gerado pelas embalagens skin tradicionais. “A embalagem é totalmente hermética, por isso evita contaminação da carne”, afirma.

 

A embalagem Simple Steps é a mais recente inovação que oferece conveniência e praticidade para refeições prontas. “É uma evolução da Darfresh. Preserva o frescor dos alimentos e a tecnologia permite aquecer os alimentos de maneira uniforme”, explica o executivo.

 

Sabe aquele odor de carnes frescas? A tecnologia empregada na embalagem Freshness Plus promete reduzir esses odores de proteínas frescas e maximizar o frescor dos produtos. “A embalagem aumenta o shelf life de aves inteiras, em pedaços ou suínos em até 21 dias”, ressalta Ponce.

 

Pontos de venda

Anualmente, o Instituto de Embalagens visita os pontos de vendas para atualizar o conhecimento sobre embalagens. Em 2019, as novidades vêm das gôndolas da Alemanha, Argentina, Colômbia, Espanha, Estados Unidos e Romênia.

 

Em toda a Europa percebe-se o ressurgimento da embalagem de vidro que está de volta em várias categorias, como iogurtes, geleias, temperos, sucos, mel, desodorantes. O apelo sustentável do vidro e a tendência de sustentabilidade são os responsáveis por essa mudança nas gôndolas.

 

Na Alemanha, os produtos orgânicos e biodinâmicos são muito valorizados pelos consumidores. “É o país que mais dá importância às embalagens, dedicando um cuidado especial. As ervas frescas utilizadas na culinária são comercializadas em caixas que têm também a função de armazenar os produtos na sua cozinha”, revela a diretora do Instituto de Embalagens.

 

A Romênia é um dos países que mais cresce no Leste Europeu e as soluções de embalagens, segundo Assunta, se assemelham muito às feitas no Brasil. A estrela das gôndolas é a embalagem flexível que, por ter um custo mais baixo, democratiza o consumo dos produtos. “O orgulho dos produtos locais está estampados nas embalagens”, diz.

 

O PIB da embalagem na Argentina é maior do que o do Brasil. “O mercado de embalagens flexíveis é bem mais desenvolvido em comparação ao nosso país. Está presente em diferentes aplicações como bebidas alcoólicas, doce de leite, aromatizadores, pet food”, informa.

 

Na Colômbia, as embalagens flexíveis também estão muito presentes nas prateleiras. O creme de leite Alquería é apresentado em embalagens stand-up pouches com tampa para oferecer praticidade e conveniência aos consumidores. Outra aplicação que atraiu a atenção é “o uso de embalagem flexível com tampa para cera líquida”, afirma Edenilson Santos.

 

A realidade aumentada é utilizada para promover interação e uma melhor experiência de consumo aos consumidores. “Nas gôndolas dos Estados Unidos, encontramos a garrafa do vinho Frontera que utiliza a tecnologia para permitir que os consumidores degustem o vinho ouvindo uma playlist de músicas”, conta Assunta.

 

O estilo moderno e antigo da arquitetura dos prédios da Espanha está presente também na embalagem. Embalagens convenientes e sustentáveis, sabores marcantes, produtos orgânicos, saudáveis e o nacionalismo estão nas gôndolas. Um exemplo é o creme de chocolate artesanal da Pastoret embalado em uma embalagem de cerâmica que traduz o conceito caseiro do produto.

 

Praticidade e conveniência no consumo de saladas prontas que já vêm com talheres e temperos. “As embalagens termoformadas têm compartimentos que separam cada um dos itens”, afirma Simone. Na categoria de cosméticos, a embalagem do removedor de esmaltes Quita Esmalte incorpora uma esponja embebida do produto que facilita a retirada das unhas. “É muito prática. Basta passar as unhas na esponja”, diz.

 

Sobre o Instituto de Embalagens

 

Fundado em 2005, o Instituto de Embalagens tem o objetivo de levar conhecimento para o setor de embalagens, visando o seu avanço e crescimento. O trabalho consiste na coordenação e realização de cursos, encontros, treinamentos e publicações técnicas.

 

Desde a criação do Kit de Referências de Embalagens, primeiro material didático do Instituto de Embalagens, a entidade já publicou 18 livros e realizou 81 cursos e 124 eventos, com a participação de mais de dez mil profissionais.

 

A crença do Instituto de Embalagens é que melhores embalagens promovem melhor qualidade de vida.