O segundo semestre de 2022 marca o início do uso de plástico reciclado pós-consumo (Post-Consumer Resin) em envelopes de segurança utilizados para as entregas de mercadorias do e-commerce brasileiro. Em julho, as primeiras embalagens fabricadas com PCR foram entregues para alguns dos grandes marketplaces nacionais e para marcas que buscam apresentar ações de sustentabilidade para os clientes. É a primeira vez neste setor que resinas plásticas oriundas do ecossistema de reciclagem voltam para a cadeia produtiva como matéria-prima para fabricação de novos produtos e são utilizados novamente como embalagens de segurança.
A primeira marca a usar os envelopes de segurança com plástico PCR foi a Amazon. A Vértice Embalagens, com fábrica na cidade de Colombo na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), entregou os primeiros lotes em julho, após testes realizados em junho. Na sequência, a novidade chegou para outras marcas como a Troc, de moda sustentável, e para a Marisa, de moda feminina. “Recebemos a demanda de clientes para oferecer uma embalagem com uso de PCR voltada para a Economia Circular no fim de 2021. Fomos em busca de fornecedores, entendemos a cadeia de reciclagem do plástico e, depois de vários testes, conseguimos chegar em um envelope com 60% de PCR com as mesmas características daquele fabricado exclusivamente com a resina virgem. Obtivemos um produto com a mesma inviolabilidade, resistência, adaptação à cola, impermeabilidade, proteção contra à luz e, principalmente, que ofereça qualidade de impressão para personalização”, conta Adriano Greca, Diretor de Operações da Vértice.
A entrada do PCR nas embalagens flexíveis de e-commerce é uma notícia aguardada há tempos neste mercado, que via o plástico PCR, até então, em embalagens secundárias como sacolas e sacos de lixo. As grandes marcas de comércio eletrônico buscam reduzir o impacto ambiental alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A Meta 12 – Consumo e Produção Sustentáveis – prevê a redução substancial, até 2030, da geração de resíduos por meio da Economia Circular e suas ações de prevenção, redução, reciclagem e reuso de resíduos. Fabricar envelopes com material reciclado PCR, depois dos polímeros plásticos já terem sido usados anteriormente como outra embalagem, fortalece o cumprimento desta meta e atende políticas de sustentabilidade destas marcas.
A estimativa é que para cada tonelada de plástico reciclado 130 kg de petróleo (quase um barril) deixem ser extraídos do meio ambiente e cerca de 90% de energia seja economizada no processo de transformação da matéria-prima. “Já colocamos no mercado em julho e agosto 37 toneladas de plástico PCR nos nossos envelopes. Fechamos contratos com grandes empresas que vendem on-line por ofertar uma opção de embalagem focada na Economia Circular com os mesmos atributos funcionais do plástico virgem. E já pudemos apresentar nossa história com o PCR no seminário ‘Recy Plastech 2022’, que aconteceu em São Paulo no fim de agosto”, ressalta Adriano Greca.
A expectativa é cada vez mais escalar a produção. A projeção da empresa de tecnologia financeira FIS é que, até 2025, o mercado global de comércio eletrônico cresça 55,3%, atingindo mais de US$ 8 trilhões em transações. No Brasil, espera-se que o volume de vendas praticamente dobre (95%) e chegue a US$ 79 bilhões no período. Estimativas do setor de embalagens plásticas, divulgadas no evento Recy Plastech, apontam que até 2025 sejam usadas mais de 10 milhões de toneladas de plásticos reciclados PCR para fabricação de embalagens.
Os dados da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), compilados pela consultoria Maxiquim, mostra que a expansão do PCR será grande nos próximos anos. Em 2021, somente 5% das 2,1 milhões de toneladas produzidas no país utilizavam plástico reciclado, ou seja, cerca de 105 mil toneladas apenas.
Ecossistema de reciclagem
A possibilidade de uso de resinas PCR em novas embalagens com a qualidade igual a resina virgem pela Vértice Embalagens só é possível devido ao amadurecimento do ecossistema de reciclagem em Curitiba e Região Metropolitana. A capital do Paraná incentiva a população a separar o lixo e faz a coleta seletiva desde o final da década de 80 do século passado. Desde então, o mercado amadurece continuamente para receber resíduos cada vez mais limpos, que resultem em polímeros reciclados mais úteis para a indústria.
A cidade mantém até hoje programas como o ‘Lixo que não é Lixo’ para recolher nas residências resíduos recicláveis separados pela população. O material é encaminhado, pelo programa ‘Eco Cidadão’, para 40 associações de catadores de material reciclável, que separam e comercializam os resíduos da coleta seletiva da cidade. Uma terceira ação, chamada de ‘Câmbio Verde’, troca material reciclável por produtos hortifruti da época, adquiridos de pequenos produtores rurais.
“Visitamos fornecedores de PCR pelo Brasil, mas fomos encontrar as melhores resinas recicladas para a fabricação dos envelopes aqui mesmo na região de Curitiba, próxima a nós. O amadurecimento de décadas deste mercado aqui no Paraná, com a colaboração ativa das famílias, possibilita recebermos na indústria um polímero PCR de ótima qualidade. Nossa intenção é desenvolver ainda mais nossos fornecedores para conseguirmos aumentar o índice de PCR nos envelopes, sem perder propriedades funcionais”, afirma Adriano Greca.
Dados da Estatística do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que existem 276 empresas, que geram 5.297 empregos diretos, na indústria da reciclagem em Curitiba e mais 8 municípios do entorno.
Fonte: Imprensa Vértice Embalagens