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Recicleiros e Owens-Illinois firmam parceria para viabilizar reciclagem de embalagens de vidro em todo o Brasil

A barreira que impede a reciclagem de embalagens de vidro em alguns locais parecia intransponível. Sem uma oferta estruturada que viabilize os custos de recuperação, triagem, processamento e transporte do material até os recicladores, bem como a falta de profissionalização, colaboração e integração entre diferentes agentes da cadeia, faz cerca de 60% das embalagens de vidro consumidas irem direto para aterros e lixões. A situação é ainda mais complexa em pequenos municípios distantes de onde estão localizados os recicladores de vidro.
Olhando para esse cenário e comprometidos em subverter essa lógica, o Instituto Recicleiros e a Owens-Illinois (O-I), líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, chegaram a um modelo de parceria para garantir que as embalagens de vidro pós-consumo processadas nas 14 unidades de triagem do Programa Recicleiros Cidades, espalhadas nas cinco regiões do Brasil, possam ser recicladas e transformadas em novas embalagens de vidro. A expectativa é recuperar cerca de 3 mil toneladas apenas no primeiro ano do projeto.

Desafio logístico
O principal desafio da reciclagem do vidro é logístico, uma vez que é um monomaterial permanente, ou seja, após produzido pela primeira vez, não necessita de outras matérias virgens para ser reciclado novamente, podendo fazê-lo infinitas vezes sem perder suas características principais. Entretanto, devido a problemas no descarte, na falta de infraestrutura de coleta e processamento na cadeia, o vidro pós-consumo acaba se misturando com diversos contaminantes antes de retornar à indústria.
“Queremos aumentar a reciclagem de vidro em regiões do país onde ainda não era viável.  Ao fomentar a base da cadeia e a venda desse material por parte das cooperativas diretamente para a indústria, incentivamos a geração de empregos e renda, bem como a redução da extração de matéria-prima virgem do ambiente, a redução no consumo de energia e das emissões de CO2. Outro aspecto importante é que ao reciclar o vidro, é possível aumentar a vida útil dos aterros sanitários, bem como diminuir as despesas do poder público relacionadas ao descarte desse material”, explica Alexandre Macário, gerente da área de Economia Circular da O-I.

De acordo com o Erich Burger, fundador e diretor institucional do Instituto Recicleiros, o contrato firmado entre O-I e Recicleiros representa um marco na relação entre cooperativas e indústria, pois foi negociado tendo como premissa um elemento básico fundamental na formação do preço: a garantia de remuneração mínima do processo produtivo.
“A viabilidade desta parceria está baseada num modelo de busca de eficiência e padrão de qualidade que possa trazer mais valor para o material pós-consumo produzido nas unidades de triagem. Com equipamentos e processos produtivos adequados, além da busca contínua pela melhoria dos indicadores de produção, torna-se possível oferecer um material com os padrões de qualidade desejados pelos recicladores”, diz Burger. “Assim, gera-se mais valor para a negociação de venda do material, tornando possível do ponto de vista econômico a circularidade da cadeia do vidro”, enfatiza.

De um lado, o Instituto Recicleiros entrega padrão e produtividade com vistas a obter um material de muita qualidade. Do outro, a O-I reconhece os atributos de qualidade e a garantia de origem sustentável do material, o que gera valor tanto no processo produtivo da recicladora quanto em relação à sustentabilidade da cadeia.
“Responsabilidade compartilhada gera prosperidade coletiva. Enquanto maior recicladora de vidro do mundo, entendemos a urgência de unir esforços entre os diversos agentes da cadeia a fim de criar modelos de negócio que não só promovam a transição para economia circular, mas, que, principalmente, tragam adicionalidade à massa de vidro reciclada no país, de forma profissional, eficiente, ética e inclusiva, unindo indústria, cooperativas, poder público, marcas e consumidores. A Recicleiros traz justamente esta proposta e decidimos apostar juntos”, acrescenta Macário.

Parceria inspiradora e com visão de futuro
O Decreto 11.300, de 2022, traz uma série de importantes mudanças a fim de criar um ecossistema que aumente os índices de reciclagem de vidro no Brasil. Esse acordo entre O-I e Recicleiros busca apoiar a amarração final dessa visão de construção de ecossistema, uma vez que para se criar adicionalidade na reciclagem (decreto 11.413/23 de Crédito de Massa Futura) e garantir o cumprimento das metas de recuperação de vidro (Decreto 11.300/22) é preciso investir não só em infraestrutura, mas também ter o compromisso da indústria com o preço mínimo – que viabiliza o processamento e transporte do material para reciclagem.

A Owens-Illinois avançou de maneira firme para ajudar a consolidar o conceito de remuneração mínima do primeiro elo da cadeia, as unidades de triagem. Um conceito fundamental para garantir as condições mínimas para viabilizar que o material reciclável chegue aos portões dos recicladores.

“O conceito de valor mínimo, que considera os custos do processo produtivo na formação do preço do material reciclável, com especial enfoque no custo da mão-de-obra dos catadores, é uma bandeira prioritária no Instituto Recicleiros para todos os materiais pelo impacto que isso tem no desenvolvimento da cadeia de valor, no aumento da reciclagem e na dignidade dos postos de trabalho dos catadores. Este é o primeiro contrato que celebramos com esse enfoque e espero que inspire um movimento nesse sentido”, comenta Rafael Henrique, fundador e diretor de operações do Instituto Recicleiros.

As instituições acreditam que esse contrato dentro da cadeia de circularidade do vidro vai inspirar outros segmentos da indústria a fazer o mesmo e oferecer essa estabilidade necessária para a economia circular se desenvolver. Isso faz parte da sustentabilidade desse movimento que se arrasta até hoje no Brasil. Uma iniciativa como essa tem por trás um conceito de ecossistema de mercado envolvido.

Transformação da realidade socioambiental
“Esses contratos longos só têm a ajudar as cooperativas a manter o projeto, a crescer ao longo do tempo e a ter mais cooperativas abraçadas por ONGs como Recicleiros, para que mais pessoas possam sair dos lixões e virem trabalhar com equipamentos, limpos, dignos, em um local bem cuidado, onde serão bem tratados, bem vistos e a gente só tem a crescer com contratos assim”, diz Cleiciane Soares, Presidente da Recicla Caldas Novas.

“A parceria que a Prefeitura de Naviraí tem com o Instituto Recicleiros tem sido fundamental para a implementação do Programa de Coleta Seletiva na nossa cidade. O vidro é um dos resíduos com a logística mais complicada e uma parceria nesse sentido vai nos garantir a destinação em maior quantidade e qualidade, proporcionando uma renda maior para os cooperados e um meio ambiente mais saudável”, comenta Rhaiza Matos, prefeita de Naviraí (MS), uma das 14 cidades que fazem parte do Programa Recicleiros Cidades.

“Esse contrato representa mais um avanço na retomada da valorização das catadoras e catadores de materiais recicláveis, buscando garantir remuneração minimamente digna pelo importante serviço prestado por esses trabalhadores e também segurança para a empresa quanto à origem dos resíduos triados. Esperamos que esse modelo possa ser replicado para outros tipos de materiais, pois sabemos que sem a remuneração justa dos serviços dos catadores não conseguiremos avançar na reciclagem e na melhoria de suas condições de trabalho”, enfatiza Sabrina Gimenes de Andrade, Coordenadora Geral de Logística Reversa do MMAMC.
Fonte: Ketchum e DAC Comunicação