A Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3) registrou lucro líquido de R$ 426 milhões no primeiro trimestre de 2022, revertendo o prejuízo de R$ 133 milhões acumulado no mesmo período do ano passado, que ainda estava sob impacto da crise econômica que se seguiu à pandemia da Covid-19. A receita líquida consolidada foi de R$ 2,3 bilhões, crescimento de 31% em relação ao 1T21, e o EBITDA ajustado tem novo recorde trimestral, de R$ 552 milhões, uma alta de 53% em relação ao mesmo período de 2021.
O preço do alumínio no mercado internacional seguiu forte, alimentando as expectativas positivas para toda a indústria, com a média do trimestre alcançando US$ 3.280/t, um crescimento de 56% comparado ao mesmo período de 2021. A alta favoreceu o avanço de 32% da receita líquida do negócio de alumínio, compensando a queda de 9% no volume vendido, que atingiu 109 mil toneladas no 1T22, em função da demanda mais fraca no mercado doméstico.
Os efeitos da queda das vendas provocada pela retração da atividade interna foram parcialmente neutralizados pelo redirecionamento de parte da produção da empresa para exportação. Em alumínio primário, as vendas de tarugo somaram 10 mil toneladas no 1T22, valor 10 vezes maior do que o mesmo período do ano passado (0,9 mil toneladas). A ação é pontual e não altera a estratégia da empresa, que tem como prioridade atender o mercado interno, e focar suas exportações nos produtos transformados, de maior valor agregado.
Importante frente de atuação da CBA, a venda de produtos reciclados aumentou em 4 mil toneladas no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, já como resultado da conclusão da compra da Alux do Brasil, concluída em janeiro de 2022. A Companhia é um dos principais fornecedores de alumínio secundário do país, produzido a partir da reciclagem de sucata que constitui importante fonte de produção do metal, e a aquisição de 80% do seu capital complementa o portfólio da CBA com uma capacidade de 46 mil toneladas de alumínio reciclado por ano, a partir de fevereiro de 2022, reforçando o posicionamento da empresa no mercado de reciclagem e a produção de alumínio com uma pegada de carbono cada vez menor.
Ainda no mercado interno, a CBA marca posição em alguns subsegmentos não tão impactados pela atividade mais fraca e nos quais a empresa detém maior exposição. No setor de transportes, por exemplo, os implementos rodoviários apresentaram leve aumento de 0,3% nas vendas no período (dados da Anfir-Associação Nacional dos fabricantes de Implementos Rodoviários). Já as vendas de chassis de ônibus, também um mercado alvo da CBA, apresentou evolução ainda melhor, registrando um aumento de 10% em janeiro e fevereiro de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado (dados da Fabus-Associação Nacional dos Fabricantes e Ônibus). A produção de veículos leves, no entanto, ainda continua sofrendo com as pressões na cadeia de suprimentos, e apresentou queda de 18,6% na comparação do 1T22 com o 1T21 (dados da Anfavea-Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Apesar do arrefecimento da demanda em alguns setores e do nível de estoque elevado ao longo da cadeia, por causa do maior volume de importações no final do ano passado, o prêmio do alumínio primário no mercado brasileiro se mostrou resiliente no 1T22. O prêmio DDP SE (Platts) fechou o trimestre com uma média de US$405/t, uma redução de 0,6% em relação ao trimestre anterior, porém, na comparação com o 1T21, a alta é de 22%.
Além da alta do preço do alumínio, também contribuíram para os resultados positivos a vantagem competitiva da Empresa de integração vertical, a flexibilidade de direcionar ao mercado externo parte da produção não absorvida internamente, assim como o portfólio diversificado de produtos voltado para diferentes segmentos da economia.
Projetos – A CBA mantém o objetivo de antecipar a entrega de projetos anunciados no IPO, como a automatização da tecnologia de alimentação de fornos, o que, além de reduzir as emissões atmosféricas e de GEE (Gases de Efeito Estufa) na etapa mais eletrointensiva da produção do alumínio, leva a um menor consumo de água, aumento da eficiência energética e melhora da segurança operacional. Parte das cubas da Sala 3 já foram religadas e a previsão é ter o restante já com o upgrade tecnológico até o terceiro trimestre deste ano, algo que estava previsto somente para 2023.
O 1T22 também foi um marco importante para o fortalecimento da estratégia da CBA no mercado de construção civil, com o lançamento da linha Primora de esquadrias de alumínio, indicadas para janelas, portas e fachadas, com foco em projetos de médio e alto padrão.
Alumínio verde – recentemente concluído, o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da CBA aponta resultado de 2,56t CO2e/t de alumínio líquido (escopo 1 e 2) em 2021, vs. 2,66t CO2e/t em 2020, um número aproximadamente 5 vezes menor que a média mundial, cujo valor é de 12,4t CO2e/t de alumínio líquido segundo o International Aluminium Institute (IAI). Com isso, a CBA se mantém no primeiro quartil da curva de emissões e sua produção de alumínio de baixa pegada de carbono. É a única empresa de alumínio do mundo a ter suas metas de redução de emissões aprovadas pelo Science Based Targets, conforme listagem pública da instituição veiculada no início de maio. A CBA tem nota A- (categoria de Liderança) na avaliação do CDP – um dos principais ratings de sustentabilidade mundial e um dos mais conceituados sobre mudanças climáticas.
Ainda no primeiro trimestre deste ano, a CBA passou a fazer a gestão das suas 21 usinas hidrelétricas, localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, totalizando 1,4 GW de capacidade instalada 100% renovável. Anteriormente, as usinas estavam sob a gestão da Votorantim Energia (hoje Auren), por meio de contrato de prestação de serviços.
No campo da diversidade e inclusão, vale destacar que no quadro geral de mulheres na CBA, o número passou de 14,3% no 4T21 para 15,3 no 1T22. Até 2030, a CBA quer atingir 50% de equidade de gênero na liderança da Companhia.
Fonte: Agência Fator Relevante