Os temas relativos à preservação do meio ambiente fazem parte da vida dos cidadãos em todo o mundo. Mas o Brasil está na lanterna da reciclagem, atividade que é fundamental para poupar recursos naturais. O país gera 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos; porém, o índice de reciclagem é de apenas 4%, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). De acordo com especialistas, dentre os vários fatores que contribuem para esta posição, está o baixo nível de engajamento dos cidadãos, que normalmente ocorre por dúvidas básicas sobre como separar e destinar os resíduos.
As embalagens de vidro, por exemplo, são as mais sustentáveis do planeta, pois podem ser reutilizadas, retornadas, recicladas e transformadas em novas embalagens sem nenhuma perda de matéria-prima, com menor consumo de energia e menos geração de resíduos e emissão de partículas de CO2. Outra vantagem é que, a cada 50 kg de vidro reciclado, deixam de ser ocupados 0,04 m3 em aterros para resíduos sólidos. Apesar disso, esse é um dos materiais menos reciclados e que mais gera dúvidas sobre como ser separado e destinado à reciclagem.
A boa notícia é que o processo pode ser mais fácil do que se imagina. “Para começar, vale lembrar que muitas embalagens de vidro podem ser reutilizadas. Versátil, higiênico e com características estéticas diferenciadas, garrafas e potes de vidro podem virar utensílios domésticos ou itens de decoração, por exemplo”, destaca Alexandre Macário, líder da área de Economia Circular da Owens Illinois (O-I).
E quem deseja descartar as embalagens de vidro de forma correta deve, primeiramente, separar garrafas, potes de vidro e demais objetos feitos com o material, e colocá-los em caixas de papelão, jornais ou sacos grossos, sendo recomendável identificar o seu conteúdo, a fim de evitar acidentes. O vidro quebrado também pode ser encaminhado para a reciclagem.
A Owens Illinois, líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, dissemina a importância da reciclagem de vidro junto a seu público e a comunidade em geral. A companhia é altamente comprometida com a sustentabilidade e tem como meta atingir 50% de uso de caco reciclado como matéria-prima para a produção de novas embalagens até 2030. Para isso, atua com diversos parceiros para ampliar os índices de reciclagem do vidro. Em 2022, a empresa reciclou cerca de 200 mil toneladas de vidro, como resultado dessas ações.
Os cacos são utilizados no processo de fabricação com total aproveitamento na O-I, resultando em embalagens novas com as mesmas características de qualidade das produzidas a partir de matérias-primas virgens, sendo que cada quilograma de caco utilizado na produção de novas embalagens substitui o equivalente a 1,2 kg de matérias-primas virgens, proporcionando benefícios para o meio ambiente e a sociedade.
A qualidade do caco é um fator imprescindível na produção de novas embalagens de vidros. Os vidros coletados possuem diversas sujidades, tais como materiais orgânicos, ferrosos, não ferrosos e inorgânicos. “Essas sujidades impactam diretamente na produção do vidro, principalmente na segurança das operações, e podem comprometer a vida útil dos equipamentos utilizados na fabricação de vidros”, ressalta Ana Carolina Araújo, Engenheira Química e Trainee de Economia Circular da O-I. Dessa forma, o vidro coletado necessita de um processo de limpeza para atender às especificações de qualidade do caco de vidro, antes de entrar no processo de produção.
A seguir, confira as orientações do Auditor de Qualidade de Fornecedores da O-I, Carlos Menezes, para uma melhor separação e garantia de reciclagem do vidro.
Vidros que podem ser reciclados (quebrados ou inteiros):
- Embalagens de bebidas, como garrafas de sucos, refrigerantes e cervejas;
- Embalagens de alimentos, como vidros de molhos, conservas, papinha de bebê e etc.;
- Copos, pratos e tigelas de vidros;
- Frascos de perfume.
Itens que não devem estar misturados ao vidro reciclável:
- Travessas resistentes ao calor, aquelas que costumam ser utilizadas para preparar alimentos em fornos convencionais e micro-ondas;
- Espelho, vidro de televisores, cristais, lâmpadas e luminárias;
- Papel/papelão, plástico, tecido, borracha, restos de alimentos, madeira;
- Metais e estruturas metálicas, alumínio, cobre, latão;
- Tampas/rolhas, gargalos de alumínio, parafusos, pilhas e baterias;
- Cerâmicas, pedras, porcelanas, entulho, concreto e materiais de construção.
Além desses itens, é muito importante se atentar a resíduos inaceitáveis que necessitam de uma correta destinação, tais como:
- Frascos de medicamentos, seringas, objetos perfurocortantes (bisturis, agulhas e ampolas, por exemplo), máscaras, luvas e demais resíduos da saúde;
- Embalagens de produtos químicos, tubos de ensaio e vidrarias provenientes de atividades laboratoriais.
Na dúvida, os vidros podem ser separados por tipos e entregues em ecopontos de reciclagem próximos. Os coletores saberão cuidar para que a destinação do material seja adequada. Aliás, entregar os vidros em ecopontos é uma boa alternativa para todos aqueles que não possuem coleta seletiva em residência ou estabelecimento comercial.
Fonte: Ketchum